O Ciclo da Borracha na Amazônia
Um período histórico da economia brasileira. O Ciclo da Borracha na Amazônia foi uma época importante para a história econômica e social do Brasil. O período está relacionado com a extração da matéria-prima – o látex, da seringueira (árvore-da-borracha) e também com a comercialização do produto – a borracha.
O maior centro comercial do ciclo da borracha foi a região da Amazônia e todo o processo provocou a expansão da colonização, atraindo riquezas, além de reformas arquitetônicas, culturais e sociais.
Todo esse movimento deu um grande impulso no desenvolvimento das cidades de Belém, Manaus e Porto Velho, capitais e maiores centros comerciais de seus respectivos estados, estado do Pará, do Amazonas e de Rondônia, todos localizados na região Norte do país.
Nessa mesma época, foi formado o Território Federal do Acre, o estado do Acre atualmente. A área desse estado foi obtida da Bolívia, através da compra com valor de cerca de dois milhões de libras esterlinas, no ano de 1903.
Contexto Histórico do Ciclo da Borracha
O auge do ciclo da borracha aconteceu entre os anos de 1879 e 1912, tendo ainda, uma boa sobrevida entre os anos de 1942 e 1945, no decorrer da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
A Revolução Industrial e o desenvolvimento tecnológico foram as razões principais que fizeram com que a borracha natural que até então era um produto exclusivo da região amazônica, se tornasse algo muito procurado e valorizado, que gerava muitos lucros e dividendos para quem investisse nesse comércio.
No começo da segunda metade do século XIX, a borracha exerceu forte atração e influência sobre aqueles empreendedores mais visionários. A operação extrativista da matéria-prima látex, na Amazônia, se mostrou lucrativa, tão logo começou a ser explorada.
A borracha natural logo atingiu uma posição de destaque nas indústrias de países da Europa e também da América do Norte e com isso, o produto ficou mais valorizado e alcançou uma boa elevação no preço.
Todo esse movimento em torno do ciclo da borracha, fez com que muitas pessoas viessem ao Brasil, com o objetivo de conhecer a seringueira e também, todos os métodos e processos de extração da matéria-prima. O intuito dessa visita, era na verdade, obter o lucro de alguma maneira como essa riqueza local.
Com o início da extração da borracha, muitos vilarejos e povoados foram surgindo e depois, por causa do ciclo da borracha se transformaram em importantes cidades. Belém do Pará e Manaus – Amazonas, já existiam, mas passaram por grande mudança e urbanização, depois desse movimento histórico.
Belém e Manaus estão entre as primeiras cidades do Brasil, que ainda no fim do século XIX, instituiu a eletricidade na iluminação pública, gerando também, a viabilidade para a instalação dos bondes elétricos.
Algumas Consequências
O ciclo da borracha assegurou lucros extraordinários para a região Norte do Brasil e a partir dessa fase, se deu início ao processo de urbanização e modernização, com maior intensidade, nessa região do país. Houveram momentos, em que as capitais dos estados do norte brasileiro, foram as mais desenvolvidas em nível nacional.
Influenciado pelos países da Europa, construíram mais casas, cinemas, escolas, prédios públicos, entre outras edificações. A população dos centros urbanos, da região Norte tiveram acesso a eletricidade, rede de esgoto e sistema de água encanada.
Várias cidades foram fundadas e pequenos povoados se multiplicaram, na época do ciclo da borracha. Enquanto cresciam, o comércio interno foi aumentando e a renda dos cidadãos foi melhorando gradativamente.
Em conjunto com esses acontecimentos, aconteceu o fluxo migratório da região Nordeste do Brasil, fazendo com que houvesse também, um aumento rápido da população regional, o que mudou a configuração das relações pessoais e do espaço como um todo.
Problemas com a Produção
Antes do início do ciclo da borracha, houve um fato que acabou determinando o seu futuro declínio. No ano de 1877, foram roubadas e contrabandeadas para a Inglaterra, mais de 70 mil sementes de seringueira do estado do Pará, configurando um caso típico de biopirataria.
As sementes que foram roubadas, foram plantadas na Ásia e a partir do ano de 1910 começaram a produzir e dar frutos, literalmente. Com isso, os custos relacionados com a exportação brasileira, teve uma baixa significativa. O mercado mundial da borracha teve a integração de empresas inglesas e holandesas.
Essas empresas da Holanda e da Inglaterra conseguiram engatar uma produção em larga escala e com preços bem mais atraentes. Na segunda década do século XX, o preço do produto caiu ainda mais, por causa da concorrência e impossibilitou a exploração da borracha na Amazônia.
Com esses fatos, se estabeleceu a crise no ciclo da borracha. Esse período histórico teve fim e por causa da falta de investimentos e prosperidade nessa e em outros setores e muitas pessoas perderam seus empregos. Com isso, as cidades ficaram vazias por causa do longo processo de estagnação econômica.
A seringueira não foi inserida como monocultura na Amazônia brasileira, diferentemente do que ocorreu na região sudeste da Ásia. Isso não aconteceu na Floresta Amazônica por causa de sua densidade e pelos problemas referentes a laterização (intemperismo químico) dos solos. A produtividade brasileira era pequena comparando com a produção dos asiáticos, perdeu na concorrência.
Curiosidades
No decorrer do primeiro ciclo da borracha, a região amazônica foi responsável por cerca de 40% de toda a exportação brasileira. O Reino Unido pagava o produto exportado com libra esterlina. No Brasil, o estado de São Paulo é o maior produtor de borracha natural, atualmente.
O produto da borracha é obtido através de uma simples coagulação da matéria-prima, chamada de látex, extraído das seringueiras. No princípio do ciclo da borracha, esse produto não tinha uma qualidade muito boa.
A partir da segunda metade do século XIX, o cientista e inventor estadunidense Charles Goodyear (1800 – 1860) elaborou a vulcanização, um processo capaz de eliminar todas as propriedades ruins e indesejáveis.
A vulcanização foi um método criado no ano de 1839 e consiste na aplicação de calor e pressão em uma composição de borracha. Esse método é responsável por dar forma e propriedades para o produto final. Trata-se da modificação da borracha natural obtida por sua combinação com o enxofre. Isso lhe atribui elasticidade, maior força e resistência a temperatura tanto alta quanto baixa.
por: Márcia Macedo
Fonte: Educa+Brasil
foto: Bruno Aguiar