Fauna & Flora

Vitória-Régia: A Gigante das Águas Amazônicas

A Revista Fama Amazônica adentra as profundezas da floresta em companhia do biólogo e sertanista Marco Lima, renomado Field Manager e Researcher, com atuação na National Geographic e no Max Planck Institute for the History of Science. Como explorador e especialista em biodiversidade amazônica, Marco nos conduz pelo fascinante universo da vitória-régia, uma das maiores e mais icônicas plantas aquáticas do mundo.

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De aspecto exuberante e ornamental, a vitória-régia pertence à família Nymphaeaceae e é símbolo da riqueza natural da região. Suas folhas circulares podem alcançar até 2,5 metros de diâmetro, com bordas elevadas de até 10 cm, cuja face inferior espinhenta e avermelhada protege contra herbívoros aquáticos.

Possui ainda uma notável capacidade de flutuação, devido à sua estrutura interna repleta de nervuras grossas e compartimentos de ar. Sua superfície apresenta uma intrincada rede de canais, permitindo o escoamento da água e garantindo sua estabilidade, mesmo sob chuvas intensas.

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A vitória-régia depende das inundações do rio Amazonas para sobreviver. Com a subida das águas, suas hastes (pecíolos) crescem e podem atingir cinco metros de comprimento. Esse ciclo permite que a planta viva cerca de dois anos, mas em períodos de seca prolongada, sua sobrevivência fica comprometida.

Flores Efêmeras e Reprodução
As flores da vitória-régia desabrocham nos meses de janeiro e fevereiro e têm uma vida curta de apenas 48 horas. Elas se abrem somente à noite, apresentando um espetáculo de transformação: no primeiro dia são brancas, e no segundo dia, antes de murcharem, adquirem um tom rosado. Suas pétalas, dispostas em várias camadas, podem atingir até 30 centímetros de diâmetro.

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No centro da flor, encontra-se um botão circular que abriga uma grande quantidade de sementes. Essas sementes amadurecem e, no mês de agosto, se soltam e afundam no fundo das águas. À medida que recebem a ação dos raios solares, elas se enterram no lodo e endurecem, garantindo a perpetuação da espécie.

As sementes da vitória-régia têm um papel fundamental no ecossistema amazônico. Elas servem como fonte de alimento para os povos indígenas e também para diversas aves da região. Essas aves, por sua vez, desempenham um papel essencial na dispersão das sementes, contribuindo para a regeneração e sobrevivência dessa planta icônica.

Raízes Culturais e História
Os povos indígenas da Amazônia conhecem essa planta por diversos nomes, como Uapé, Iapucacaa, Aguapé-assú, Jaçanã e Nampé. Entre os guaranis, ela é chamada de Irupé. Seu nome mais popular, no entanto, surgiu no século XIX, quando um pesquisador inglês levou suas sementes para serem cultivadas nos jardins do Palácio Real de Londres. Lá, a planta foi batizada de Vitória, em homenagem à então Rainha Vitória da Inglaterra.

Além de sua beleza e perfume marcante, a vitória-régia também possui importância nutricional. Sua raiz é um tubérculo rico em amido e sais minerais, semelhante à mandioca (inhame), e é amplamente consumida por comunidades ribeirinhas.

Seu cultivo, no entanto, é delicado. Adaptada ao calor equatorial e à alta umidade, a vitória-régia tem baixa tolerância ao frio, tornando-se um símbolo não apenas da biodiversidade, mas também da resistência da floresta amazônica.

A Lenda da Vitória-Régia: O Destino de Naiá

Entre as histórias dos povos indígenas amazônicos, a lenda da vitória-régia é uma das mais belas e trágicas. Segundo a tradição, havia uma jovem chamada Naiá, pertencente a uma tribo amazônica, que sonhava em se tornar uma estrela no céu.

Os mais velhos da aldeia contavam que as belas jovens que fossem escolhidas pelo deus Jaci (a Lua) seriam levadas para o céu e transformadas em estrelas brilhantes. Fascinada por essa história, Naiá passou a admirar Jaci todas as noites, desejando ardentemente ser escolhida.

Em sua busca incessante, recusou pretendentes, evitou a vida comum da aldeia e passou noites inteiras contemplando o céu, esperando que Jaci viesse buscá-la. Com o passar do tempo, sua obsessão aumentou.

Certa noite, ao ver o reflexo prateado da Lua sobre as águas de um lago, Naiá acreditou que Jaci finalmente havia descido para levá-la. Enfeitiçada pela visão, atirou-se na água, tentando alcançar o brilho celestial. No entanto, Naiá afundou e desapareceu nas profundezas.

Jaci, comovido pelo desejo puro da jovem, decidiu não deixá-la morrer em vão. Em vez de levá-la ao céu, transformou-a em uma flor majestosa, que só abriria à noite para receber a luz da Lua. Assim nasceu a vitória-régia, cujas flores brancas brilham ao luar e, ao amanhecer, tornam-se rosadas, representando a beleza e o sonho de Naiá.

Essa lenda permanece viva na tradição oral indígena e simboliza o amor entre a Lua e a floresta, além de transmitir valores de respeito à natureza e à força dos sonhos.

Fama Amazônica – Contar com a experiência do biólogo, poliglota e sertanista Marco Lima trará um olhar ainda mais profundo e detalhado sobre a Amazônia, sua biodiversidade, povos originários e os desafios ambientais da região.

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Por Almir Souza-Redator Hacker Free Lancer
Fonte Marco Lima em Redação Fama
Foto AAS

Almir Souza

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