Música, Ritmos e Danças que Retratam a Amazônia
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A Revista Fama Amazônica se aprofundou no mundo da música do Amazonas através de cantores e compositores para falar de tudo que envolve esse universo, não só no Amazonas, mas em toda a Amazônia. O redator da revista Almir Souza, por meio de músicos e pesquisas, ouviu diversas personalidades desse setor.
O Amazonas é um estado que possui uma grande variedade de ritmos musicais, incluindo o forró, brega, sertanejo e pagode, influências da música nordestina. No entanto, a música regional, com destaque para o Boi-Bumbá, tem um papel essencial na identidade cultural da cidade.
Nos anos 60, Manaus começou a abrigar cadeias produtivas industriais advindas de várias partes do mundo e, com isso, passou a atrair pessoas de diversas regiões do Brasil e do exterior em busca de oportunidades. Essa nova realidade, marcada pela expansão demográfica, também impulsionou a produção artística local. A musicalidade tornava-se, nesses tempos, cada vez mais diversificada, sob influência da migração, do cinema, do rádio e, mais tarde, da TV. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras manifestações musicais que seguiam as novas tendências da música brasileira, como o tropicalismo e a bossa nova.
Uma das principais características dessa música era o interesse em retratar, através das letras, temas como a cidade, o estilo de vida das pessoas, o cotidiano, a natureza e as transformações sociais. Esse tipo de arte musical, produzido em Manaus, expressa o posicionamento e o pensamento crítico dos artistas diante das mudanças empreendidas na cidade, que, por sua vez, geravam contrastes entre os comportamentos da população jovem e uma série de problemas sociais inéditos até então.
Almir Souza – Ao analisarmos as letras dessas músicas e conjugá-las ao contexto sociocultural, conseguimos remontar cenários e compreender a vida de uma cidade em transformação sob o olhar de jovens artistas que se inspiraram em Manaus para compor suas canções.
É interessante observar que, cinquenta anos depois, essa música continua sendo produzida, apreciada, atualizada e veiculada na mídia e no circuito cultural da cidade. Isso sugere que ela não está associada apenas a uma época, mas a um jeito característico de fazer música, passado de geração em geração.
Manaus ainda mantém a dinâmica de uma cidade em crescimento e transformação, e a música continua abordando esses processos, muitas vezes com tom de ironia e crítica, contextualizando as novas realidades.
Fama Amazônica – Nem só de samba e carnaval vive a musicalidade brasileira. A cultura amazônica, que recebeu importantes influências dos povos indígenas, tem outras preferências musicais. Nossa região mantém sua cultura, hábitos e tradições que persistem e quase não foram alterados ao longo dos tempos, apesar das propagandas massivas de outros estilos veiculadas pela grande mídia, como o axé-music e a música sertaneja.
Apenas o forró, o swing e o calipso conseguiram se enraizar na região. O forró, por exemplo, se expandiu principalmente em áreas colonizadas por nordestinos (ex-soldados da borracha), como no Acre, Roraima e Rondônia. A riqueza cultural e culinária regional, com seus aromas e sabores únicos, ainda se mantém preservada em muitos aspectos. O calendário de eventos das cidades amazônicas também reflete essa identidade própria, evidenciada por elementos como música, artes plásticas, artesanato e folclore regional.
O brega, a toada do Boi de Parintins e o carimbó formam o tripé musical da Amazônia cultural e artística. Em Manaus, pelo menos um dia da quadra momesca é dedicado exclusivamente às toadas do Boi de Parintins, no evento denominado “Carnaboi”, cuja influência se estende até os festejos do aniversário da cidade, em outubro, com o Boi Manaus.
Almir Souza – A toada do Boi de Parintins difere do tradicional bumba-meu-boi do Maranhão. Ela surgiu da transformação do folclore na Ilha Tupinambarana, destacando instrumentos como os surdos e as caixinhas, enquanto as baterias ocupam um papel secundário. A coreografia inclui movimentos de pernas sincronizados com os braços e o corpo, criando uma dança característica.
No Amapá, a forte influência da cultura negra se reflete em grupos como Senzalas, Pilão, Patricia Bastos e Negro de Nós, além de vários outros cantores e compositores locais. Esses artistas apresentam um jeito único de cantar as riquezas da Amazônia, diferenciando-se da música afro-brasileira da Bahia. O Amapá se destaca por ritmos como Batuque, Marabaixo, Cacicó, Zimba e zouk, que trazem influências da cultura local, da Guiana e do Caribe, mas com características próprias da região.
No Pará, o brega e o carimbó dominam palcos e salões, ritmos que superaram as barreiras regionais e se expandiram pelas ondas do rádio e televisão. Essas novas tendências musicais ganharam força nos anos 1970 e se consolidaram nacionalmente com uma identidade própria e muito swing. O brega, influenciado pelo rock romântico internacional, especialmente pela música “It’s Now or Never”, interpretada por Elvis Presley, passou por várias fases de renovação e mudanças rítmicas, tornando-se um dos principais gêneros do Pará e conquistando cada vez mais espaço nas mídias alternativas regionais e nacionais.
Fama Amazônica – A música da Amazônia, em sua diversidade e riqueza, continua sendo um reflexo da identidade cultural da região, mantendo viva a tradição e, ao mesmo tempo, se reinventando diante das novas realidades.
Vamos Dançar – Vamos Crescer – Vamos Vencer
Por Almir Souza-Redator Hacker Free Lancer
Fonte Redação Fama
Foto AAS