Amazônia

Samaúma: A Mãe das Árvores da Amazônia

A Revista Fama Amazônica, por meio de seu redator Almir Souza e do sertanista, biólogo e poliglota Marco Lima, mergulha no coração da floresta para contar a história de uma das mais fascinantes entidades vivas da Amazônia: a samaúma, também conhecida como a árvore da vida.

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🌿 Sagrada e imponente
A samaúma é uma das maiores árvores do Brasil, podendo alcançar até 60 metros de altura e ter troncos com dois metros de diâmetro. Seu nome científico é Ceiba pentandra, mas ela também é chamada de samaumeira, escada do céu e, para os povos indígenas, “mãe-das-árvores”.

Na mitologia indígena, essa árvore gigante é muito mais do que flora: é um ser espiritual, um elo entre o céu e a terra. Sua altura permite que ela “enxergue” toda a floresta, como uma mãe que vigia e protege. Acredita-se que, na base de seu tronco, há um portal invisível aos olhos humanos, que liga nosso mundo ao universo dos seres divinos que cuidam da floresta.

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Com raízes que se espalham em grandes placas ao redor do tronco, a samaúma também é símbolo de força, equilíbrio e ancestralidade.

🌎 Uma cidadã do mundo
Originária das matas de várzea da Amazônia, a samaúma é encontrada naturalmente no Brasil, Equador, Venezuela e Colômbia. Também floresce no México e no sul da América Central, e foi introduzida em regiões da África e da Ásia, onde também é valorizada por suas propriedades e beleza.

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🌸 Uma flor de uma noite só
Apesar de sua imponência, a samaúma é frágil em sua reprodução. Leva cerca de sete anos para florescer, e suas flores duram apenas uma noite. Nesse curto espaço de tempo, são visitadas por morcegos polinizadores, que, ao se alimentarem do néctar, carregam pólen em seus pelos e ajudam na fecundação das flores.

Os frutos, com cerca de 10 cm, alimentam animais da floresta que, ao espalharem suas sementes nas fezes, contribuem com o ciclo da vida.

Cada fruto contém entre 120 e 170 sementes, envoltas por uma fibra leve e sedosa chamada kapok, utilizada como enchimento de travesseiros, colchões, boias, salva-vidas e até como isolante térmico natural.

🌿 A floresta que cura
A samaúma também oferece benefícios medicinais. Sua seiva é usada no tratamento da conjuntivite, enquanto o chá de suas cascas é tradicionalmente empregado para combater a malária, doença comum nas regiões tropicais.

Das sementes, extrai-se um óleo comestível que pode ser usado como combustível para lamparinas, além de ser aproveitado na fabricação de sabão e lubrificantes naturais.

🪵 Utilidade que exige consciência
A madeira leve da samaúma é utilizada para produzir jangadas, brinquedos, palitos de fósforo, celulose e caixotes. Nos últimos 50 anos, também passou a ser explorada na produção de compensado, material usado para móveis, embalagens e utensílios domésticos.

No entanto, essa exploração desenfreada está colocando a espécie em risco de extinção. A árvore que oferece tantos recursos à humanidade agora precisa de proteção.

💧 Uma fonte de água e som
Durante uma expedição, Almir Souza e Marco Lima viveram uma experiência singular: em meio à floresta, com sede, encontraram água limpa acumulada entre as raízes da samaúma. Ali, beberam diretamente da natureza — água potável, pura, sem necessidade de tratamento.

As imensas raízes da samaúma, chamadas sapopemas, podem medir até 160 cm de diâmetro. Além de armazenarem água, abrigam pequenos animais e, curiosamente, também servem como instrumentos de comunicação. Quando se bate nessas raízes, o som ecoa pela floresta, permitindo que povos indígenas se comuniquem à distância, através de sons ritmados que reverberam pela mata.

🌱 Guardiã da floresta
A samaúma é símbolo de vida, cura e conexão espiritual. Uma entidade viva que oferece abrigo, alimento, medicina, água e comunicação. Em meio à floresta, ela resiste como guardiã silenciosa, mas que agora precisa ser ouvida e protegida.

Preservar a samaúma é preservar o equilíbrio da Amazônia, sua cultura, seus povos e sua força vital.

por Almir Souza  e Marco Lima
Fonte Redação Fama
Foto AAS

Almir Souza

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